lugares e sensações

domingo, janeiro 28, 2007



Lado Português

A primeira etapa decorreu entre Macieira da Maia e S. Pedro de Rates

Estava um tempo óptimo, a Primavera exprimia-se nas flores silvestres e da dificuldade do Caminho não me lembro, o que é um bom sinal.

Caminhando na margem do Rio Ave pensei que estava no Brasil. Pela florestação? Não! O rio era negro e o único que conheço com este nome localiza-se no Brasil. Infelizmente este é bem português, bem negro. Um verdadeiro nojo! Quando é que os nossos empresários, alguns, vão ter vergonha na cara?

Devíamos atravessar a ponte D. Zameiro velha do sec. XI, mas a última derrocada, parece que por obras no açude, mantém -na intransitável.

Aprender a caminhar...aprender a desfrutar.















À frente uma outra ponte medieval chama a nossa atenção, a ponte dos arcos que atravessa o rio Este.



Ponte dos arcos

Terminamos esta etapa em S. Pedro de Rates. A igreja, mais velha que a nacionalidade, sec. IX, foi mandada reconstruir por Dona Teresa e pelo Conde D. Henrique, os pais do único Independentista Ibérico bem sucedido, por sinal, chamado Afonso o Conquistador. A igreja é um exemplar importante do românico português e foi doada à Ordem de Cluny. O seu Padroeiro, S. Pedro de Rates, foi ordenado bispo por Santiago e primeiro bispo de Braga.

O merecido e apetecido piquenique foi no albergue da freguesia que nos recebeu de braços abertos.






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sábado, janeiro 27, 2007

Caminho Santiago
etapa Macieira Maia-S. Pedro de Rates

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Caminho de Santiago

Santiago de Compostela é um local místico. Ao longo de mais de um milénio cristãos de toda a Europa se dirigiram até lá pelas vias hoje conhecidas como Caminhos de Santiago. Independentemente do facto de se acreditar que Santiago jaz sob a Catedral, este lugar tornou-se um símbolo do cristianismo numa Península dividida entre cristãos e muçulmanos.

Desde o ano 814 que peregrinos de reinos cada vez mais distantes caminhavam até Santiago em busca de resposta. O Caminho longo e perigoso foi seguido por gentes pobres, por reis e imperadores. A rainha Santa Isabel de Portugal tê-lo-á feito duas vezes.

Diz um ditado português que quem não vai a Santiago em vida o fará de morto.

A via láctea, facilmente visível fora das cidades nas noites escuras, é ainda conhecida pelo nome de Caminho de Santiago.

Já tinha ido muitas vezes a Santiago, mas nem em sonhos me tinha passado pela cabeça ir a pé. Quando me convidaram para a primeira etapa do Caminho achei que não estavam bem da cabeça para percorrer tal distância.

Mas a descrição posterior despertou a vontade de percorrer o caminho milenar que levava os peregrinos portugueses até Santiago.

Dividimos o Caminho em duas fases com várias etapas, em semanas distintas, por isso foi relativamente fácil chegar.

Pensei algumas vezes nos peregrinos medievais, e mesmo mais tardios, com mau calçado ou mesmo sem ele, ao frio e à chuva. Olhava para as minhas botas confortáveis e concluía: isto parece um passeio de crianças. Outras vezes o calor e por vezes a chuva dificultavam o caminhar mas, fortaleciam-nos a alma, tal como no caminho que é a nossa vida.

O nosso Caminho Português iniciou-se em Macieira passando por Barcelos, S. Pedro Rates, Ponte Lima, Valença, Tuy, Pontevedra, Padron e finalmente Santiago de Compostela.

Fotografia: Ponte medieval ( sobre o rio Ave) de D. Zameiro

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

As aparências iludem. O que parece uma invasão do mar é apenas mais uma onda...na Foz do Douro. Porto.

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segunda-feira, janeiro 22, 2007


Não ver futebol: a razão para não perder a razão.

Decorria o Mundial e a febre do futebol grassava no país. Os meus conhecimentos acerca do futebol e das suas regras não vão além de saber que a bola na baliza é o equivalente a um golo (parece que nem sempre). Estava em Genebra, sábado à tarde dia do encontro com Inglaterra. Não ia conseguir ver o emotivo jogo, por isso saí do hotel disposta a dar uma volta de 90 minutos. Ao intervalo recebo uma mensagem de Portugal a informar-me: 0-0. Continuei o meu caminho ao longo do lago, pelas ruas e pelos recantos que Genebra, como as outras cidades, também tem.
Pelas minhas contas o jogo devia estar a terminar.
Passei em frente de uma esplanada de hotel. Turistas ingleses, vestidos a rigor, roíam as unhas e bebiam cerveja, desesperados. Bom se estava mal para eles devia estar melhor para nós. Erro crasso. Estava mal para os dois - vê-se logo que não entendo de futebol.
Cheguei ao hotel e não consegui desprender os olhos do ecrã. Dei comigo na triste figura a gritar golo, roer as unhas, etc. Quando terminou o jogo voltei à rua. Buzinas, carros, motas e bandeiras assaltaram Genebra como se tivéssemos ganho a batalha de Aljubarrota.
Genebra era agora verde e vermelha. O orgulho de ser português espelhava-se nos rostos daqueles que tiveram que partir para terem uma vida melhor.
Era hora de jantar. Encontrei um restaurante português algures perto do centro. O meu espírito momentaneamente mais patriótico que o habitual levou-me a entrar. Outro erro. Creio que os únicos sóbrios eram a dona, a empregada de mesa e eu. O dono jogava às cartas, não percebi se a dinheiro, e não queria ser incomodado.
Os clientes estavam embriagados e eu só percebi isso depois de ter entrado e me ter sentado. Tarde de mais. A empregada perguntava-me o que queria jantar.
Logo depois voavam garrafas de cerveja, discutiam-se dívidas por pagar...bem comi o mais rápido que pude, deixei o meu excesso de patriotismo dentro do restaurante e fui dormir num hotel de uma cadeia internacional onde não se falava português.

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sábado, janeiro 20, 2007



Penedono é um concelho do interior onde recordamos a História de Portugal e a poesia épica de Camões "Os Lusíadas".
No centro histórico o castelo do Magriço apresenta-se altaneiro revelando a sua importância no passado.
A noite leva-nos numa viagem no tempo, num ambiente calmo e não poluído.

Luís de Camões foi o grande responsável pela divulgação do nome e das proezas do Magriço, ao incluir em Os Lusíadas, o relato dos feitos dos doze de Inglaterra.

Consta que, nos finais do século XIV doze damas inglesas, tendo sido injuriadas por palavras proferidas por outros tantos cavaleiros também ingleses, apresentaram queixas ao Duque de Lencaster, pedindo-lhe que, pelas armas, assumisse a defesa da honra ofendida.
Onze fidalgos partiram de barco, o décimo segundo, Magriço, foi por terra.

Camões conta-nos nos Lusíadas:

"Fortíssimos consócios, eu desejo
Há muito já de andar terras estranhas,
Por ver mais águas que as do Douro o Tejo,
Várias gentes, e leis, e várias manhas.
Agora, que aparelho certo vejo,
(Pois que do mundo as coisas são tamanhas)
Porque eu serei convosco em Inglaterra.
 "E quando caso for que eu impedido
Por quem das cousas é última linha,

Não for convosco ao prazo instituído,

Pouca falta vos faz a falta minha

Todos por mim fareis o que é devido;

Mas, se a verdade o espírito me adivinha,
Rios, montes, fortuna, ou sua inveja,
Não farão que eu convosco lá não seja."

.......
"A dama, como ouviu que este era aquele
Que vinha a defender seu nome e fama,

Se alegra, e veste ali do animal de Hele,

Que a gente bruta mais que virtude ama.

Já dão sinal, e o som da tuba impele

Os belicosos ânimos, que inflama:
Picam de esporas, largam rédeas logo,
Abaixam lanças, fere a terra fogo.






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quinta-feira, janeiro 18, 2007

Este é o local perfeito para o ministro da saúde e para a ministra da educação: sem crianças para educar, sem doentes para tratar, enfim, sem custos... Drave: uma aldeia deserta.

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quarta-feira, janeiro 17, 2007


No Caminho, os pés seguem as setas amarelas e os olhos deleitam-se na paisagem.
A presença da água, a frescura do dia, a pureza do ar trás-me à memória:
Sou feliz por ter nascido
No tempo dos homens-rãs
Que descem ao mar profundo
Na frescura das manhãs.
António Gedeão

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segunda-feira, janeiro 15, 2007

Ponte fantasma, aldeia fantasma, Portugal profundo.
Drave, Arouca.
Vale a pena ver.

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domingo, janeiro 14, 2007


O Caminho Português de Santiago tem muitas boas surpresas.
Esta ponte fica no caminho entre Rubiães e Valença. As silvas dão um ar selvagem .... ou de desleixo ao lugar.

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sábado, janeiro 13, 2007

Num fim de tarde de Inverno os Jerónimos refletem-se no espelho de água do claustro e lembram-nos a água do mar que foi necessário atravessar para a sua construção.
Um poema em pedra...

Nota: à entrada uma família portuguesa discutia a inutilidade de entrar para ver o claustro...

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domingo, janeiro 07, 2007


Sensação: sentir-se enganado.

Facto:
Afinal o biquini não é invenção do século XX

Foto:
Mosaico romano sec. III-IV DC
Villa Romana Del Casale; Piazza Armerina; Sicília

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Qualquer lugar é recordado pelas sensações que em nós despertou. Liberdade, confiança, felicidade, insignificância, pertença, comunhão....tristeza, são estados de alma que muitas vezes associamos a certos lugares. No entanto o mesmo lugar pode desencadear sensações muito diferentes...

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