Entre o mito e a históriaMicenas, o lugar dos Ciclopes
Os gregos clássicos, habituados a uma
arquitectura à escala humana acreditavam que este lugar tinha sido construído por seres gigantes com um só olho, os ciclopes, cujo exemplo maior é o terrível
Polifeno, cego pelo inteligente Ulisses, que se nomeou como Ninguém.
A verdade é que a civilização micénica existiu entre 1600 a 1100
AC e dominou o sul da Grécia.
Micenas é o lugar mais conhecido e ainda hoje impressiona. Está construída sobre uma colina e rodeada de muralhas de blocos enormes. A porta mais conhecida é a dos leões. Hoje restam as bases de palácios, casas e lojas de comércio. Fora das muralhas alguns túmulos mantêm-se bem conservados e
impressionantes.
Porta dos leões, Micenas
Entrada dos túmulos verticais
Abobada de túmulo
No século XIX
Schliemann escavou o local e encontrou aquilo que hoje conhecemos como tesouro de
Agamémnon, a máscara, as jóias, etc., que pertenceram a alguém importante, porém, não sabemos o seu verdadeiro nome.
A história dos
reis micénicos, mil anos anterior à Grécia clássica, mistura-se com a mitologia.
Agamémnon era irmão de Menelau e as suas mulheres também eram irmãs entre si. A mais conhecida, a mulher de Menelau, a bela Helena foi raptada por Paris e levada para Tróia o que levou à guerra de Tróia.
Agamémnon queria ajudar o seu irmão na guerra, mas a falta de vento impedia a partida dos barcos para o mar. Então
Agamémnom sacrificou a mais velha das suas filhas, I
figénia, à deusa
Artemisa.
Clitemnestra, a mulher de
Agamémnon nunca lhe perdoou e após a sua volta, vitoriosa, da guerra matou-o com ajuda de
Egisto. É claro que a tragédia tinha começado na disputa pelo poder nas gerações anteriores e continuou depois da morte de
Agamémnon.
Depois de visitar Epidauro, o nosso destino era visitar este lugar entre o mito e a história. Pelo caminho algo mais pragmático porém não menos prazeiroso, um banho nas águas quentes de Nafplio.Chegamos ao fim do dia à pequena aldeia de Micenas.Os turistas tinham já partido. A aldeia parecia deserta e silenciosa.
O hotel, La Petite Planete é familiar e agradável, mas na altura não servia jantar, assim após o check -in e já com as chaves do quarto fomos à procura de jantar. Procuramos o Belle Helene, um pequeno hotel onde personagens históricas como Schliemann, dormiram. Mas era tão histórico que a camada de pó nas cadeiras sujou de imediato o rabo do primeiro que se sentou. Desistimos do passado pensando como seria a cozinha. Enquanto descíamos a escada do restaurante reparamos que estávamos a ser seguidos pela recepcionista do hotel onde íamos passar a noite. Pensou que íamos fugir com as chaves, deve ser por isso que se diz que quando a comunicação é difícil parece grego. Depois lá se desculpou dizendo que era a primeira vez que trabalhava e não sabia o que fazer.
Após a resolução do caricato incidente lá nos aconselhou um restaurante, até comemos bem, debaixo de uma ramada, num ambiente calmo de aldeia grega.
O hotel, familiar, simpático, silencioso e com ar condicionado(!) abre as suas janelas sobre o Peloponeso até perder de vista. Logo após o pequeno-almoço, ainda não tinham chegado as camionetas de japoneses, já nós estávamos nas ruínas de Micenas. Talvez por isso ainda gostei mais deste lugar.
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