lugares e sensações

sábado, março 28, 2009

De Erfoud a Mhamid


Na fronteira de Marrocos, a imagem do Sara

A estrada que liga Erfoud a Zagora é estreita mas como o trânsito é escasso anda-se muito bem.


Logo à saída de Erfoud temos a estranha sensação que o mar se abriu, tal como na Bíblia, para nós passarmos. É que a disposição das rochas em camadas oblíquas, erodidas nas faces, recorda-nos o mar que já aqui existiu.

Passamos um único rio na longa estrada até Zagora. Não há pontes, pelo que passamos sobre a água. Depois a vegetação é muito escassa salvo os raros oásis que ficam à esquerda da estrada. À direita fica Djebel Sarhro, a cadeia montanhosa do Anti-Atlas, uma cadeia de montanhas tão agrestes e secas que é difícil imaginar que possa haver pior.


Nestas remotas montanhas vivem ainda alguns nómadas descendentes dos que resistiram ao Protectorado francês.


A escassez de água é enorme mas em alguns pontos há placas a indicarem locais de água potável.


A planície à esquerda, para sul, estende-se por vezes até perder de vista, outras vezes há montanhas secas e agrestes. Apenas algumas árvores resistem nestas paragens. Em Dezembro é agradável passear por aqui, mas no verão isto deve ser um inferno.

Atravessando o rio
Estrada em obras
As três amigas
Poucas árvores resistem
Placa de trânsito para cáfilas

Zagora é uma cidade recente construída numa área de passagem. A placa a indicar a distância para Tombuctou é a maior curiosidade da cidade. Fomos conhecer o hotel que tínhamos reservado e tentar almoçar. Estava quase vazio e por isso resolvemos almoçar fora do hotel para não perder muito tempo....


Erro crasso. O restaurante que escolhemos foi a pior escolha possível. Demoraram um tempo infinito, trouxeram 2 pratos para quatro pessoas, menu único e preço demasiado alto. Após resmungar, este é o termo certo, esperar, esperar e ameaçar ir embora, então lá chegou o resto da comida...uns, meia dúzia, pequenos pedaços de carne com meio centímetro de lado, queimados, valeu-nos o pão para não passar fome.


Depois desta desgraça de almoço seguimos para Mhamid. Uma pequena aldeia na fronteira com a Argélia.
Vale do Draa
A estrada segue ao longo do Vale do rio Draa. Sucedem-se oásis atrás de oásis e depois é o deserto. No ar paira uma tempestade de areia. É como se houvesse nevoeiro só que de areia fina.


Ao longo da estrada há vendedores de tâmaras, este é o vale com as tâmaras mais famosas de Marrocos.

A estrada dirige-se para sul, a desolação é cada vez mais evidente. Ao longe começa a adivinhar-se uma montanha que parece bloquear a nossa passagem. Começamos a subir. A vista para trás é de pleno deserto, para a frente fica um desfiladeiro e depois umas aldeias poeirentas, uns pequenos oásis e Mhamid. A estrada acaba aqui.



A pequena aldeia de Mhamid fica num oásis antes de se passar a fronteira para a Argélia. Em Dezembro os turistas são escassos, talvez por isso no fim da única rua existente tínhamos cinco jipes a oferecer boleia e guias para o deserto. Era fim de tarde e tempo de voltar a Zagora. deixamos Mhamid a sua rua poeirenta e desorganizada.
À volta da aldeia a areia tenta invadir a terra arável e os aldeões tentam travá-la com folhas de palmeira. Uma luta desigual entre o homem e o gigante de nome Sara. Sobreviver aqui não é fácil.

Oásis no Vale do Draa

A algumas centenas de metros de Mahmid numa aldeia aparentemente deserta saí do carro e, não tinham passado 30 segundos já alguém gritava com um animal vivo na mão, uma ovelha, cabra ou algo do género para vender...


Anoiteceu pelo caminho até Zagora e o céu revelou-se mais uma vez em todo o seu esplendor.


O jantar no hotel compensou a fome do almoço. A calma do hotel contrastava com a confusão das ruas de Zagora ou com a fuga aos guias de Mahmid.


Apenas nós e uma família de viciados na Net estavam no hotel. No dia seguinte 4 camareiras esperavam pacientemente que saíssemos para arrumar o quarto.


Antes de votar para o norte fomos visitar uma pequena aldeia com uma biblioteca importante.
A caminho de Mhamid, perto de AnagamA areia parece nevoeiro



Aqui vende-se tudo, até animais vivos, se os quisermos...

Prender as dunas, uma tarefa difícil

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