lugares e sensações

quinta-feira, março 19, 2009

Oued Dades, Marrocos
Entre duas cadeias de montanhas e a noite num hotel que espera por nós

Entre o Atlas e o Djebel Sagho passa o rio Dades. Em Portugal seria um rio insignificante provavelmente poluído, aqui é uma preciosa fonte de vida. Nasce nas montanhas do Atlas e atravessa gargantas profundas até alimentar oásis e se fundir com o Draa.
No vale do Dades os oásis sucedem-se, alguns com palmeirais até perder de vista. Entre os oásis a paisagem é agreste e seca.
Foi algures neste percurso que almoçamos. Numa pequena aldeia da beira da estrada. Pequenas arcadas com negócios tradicionais como ferrarias, talho, etc sucediam-se ao longo do passeio da única rua (digna desse nome) desta aldeia. A escolha gastronómica foi fácil- o leque de opções era curto. Ainda não tínhamos decidido já a mesa estava posta na esplanada que ocupava todo o passeio e que só tinha uma mesa. Estava fresco por isso explicamos que queríamos entrar para dentro da arcada. Dez segundo depois as cadeiras do exterior (com melhor aspecto) foram trocadas pelas do interior e a mesa limpa e com toalha de papel branco. Pode parecer pouco mas a verdade é que nos quiseram dar toda a atenção na medida do que tinham. Dentro da arcada só cabiam duas mesas e a cozinha ficava atrás dum balcão de vidro que já teve melhores dias... a higiene? A ASAE fechava imediatamente o restaurante. Comemos e não tivemos problemas gastrointestinais, nem mesmo as crianças.



Oued Dades
Em Boumaine Dades deixamos a estrada nacional 10 para ir ver as gargantas do Dades. Uma curiosidade geológica. O rio Dades cruza algumas gargantas estreitas e altas rodeadas por rochas vermelhas, algumas delas de formas magníficas. A luz do entardecer torna o vale ainda mais vermelho. Ao longo do caminho, uma estrada estreita e sinuosa, as aldeias construídas em adobe e os kasbah sucedem-se.
As gargantas são várias e de aspecto diferente, os turistas costumam ficar na primeira. A estrada roubou terra ao rio para puder ser construída.

A montanha parece ter dedos, muitos dedos sobrepostos.
Alguém dobrou esta esta rocha
A luz cada vez mais vermelha anunciava a noite e Tinerhir, a nossa cidade de destino ficava ainda longe. Voltamos à estrada nacional 10. Entretanto a noite caiu e estávamos no deserto. Passamos uma pequena aldeia e depois a estrada seguia a direito. À direita, ao longe, a cadeia montanhosa mais árida de Marrocos, Djebel Sagho, para os dois lados uma planície imensa, árida, seca e com um número enorme de sacos plásticos espalhados. Parecia que um hipermercado tinha largado todo o stock de saco neste deserto. Só não havia hipermercado... Quando a noite cerrou de vez, um céu imenso que tocava a terra a 360 graus rodeou-nos com biliões de estrelas. Depois a estrada começou a descer e as luzes de Tinerhir começaram a luzir muito ao longe. Chegamos cansados, procuramos o hotel, reservado num site marroquino, via Internet. A placa tinha algumas letras caídas, a entrada era escura, numa rua pouco iluminada. Ficamos apreensivos. Onde viemos dar? Sem grandes opções, nem vontade de de as obter, pegamos nas malas e entramos. Lá dentro o recepcionista, de tez escura, responde ao nosso, boa noite com o nome da nossa família e, estávamos à vossa espera. Foi uma calorosa recepção e uma agradável surpresa.
O hotel Tombouctou é um Kasbah restaurado. Os quartos tem nomes de terras onde passavam as caravanas para Tombouctou. Jantamos no Hotel, numa tenda, um óptimo e excessivo jantar. Dormimos profundamente até ao primeiro chamar para a oração do minarete da mesquita do outro lado da praça.
O nascer do SolO pátio interior do Kasbah
Antes de deixarmos o hotel o mesmo simpático recepcionista informou-nos da melhor forma de chegar a Erg Chebbi, o maior campo de dunas de Marrocos sem precisar de alugar um jipe.

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