lugares e sensações

quarta-feira, junho 06, 2007

O Anjo e a Peste

Todos ficamos preocupados com epidemias. Algumas avós ainda se lembram da febre espanhola, famílias inteiras morreram. Depois, vieram outras mais ou menos graves com mais ou menos mortos. Sendo que os países mais pobres sofrem sempre mais. Por vezes até esquecemos que algures uma epidemia está a acontecer.


A SIDA foi assustadora no seu ínicio porque não escolhia os países pelo seu poder económico. Hoje, erradamente (esquecemos as mutações), pensamos estar a salvo sob o escudo dos retrovirais. O mesmo não pensam os países pobres sem dinheiro para os adquirirem. A SIDA em África é o exemplo de uma epidemia de resultados dramáticos.

O Ébola só nos preocupa quando a suspeita de um caso chega à Europa.


A pneumonia atípica trouxe à memória colectiva histórias das avós e recordações dos livros de escola. A idade média não estava assim tão longe.


A gripe das galinhas ainda mantém o mundo alerta. Não podemos pedir passaporte às aves...

Nem sequer boletim de saúde...


Passaram muitos anos depois da daquela que ficou conhecida como peste negra, trazida para o Ocidente muito provavelmente pela rota da seda a partir dos desertos da Mongólia.

O medo da morte e o desconhecimento da forma de transmissão levaram à discriminação de minorias e à sua morte. A estrutura social da Europa mudou com a crise populacional e a diminuição da mão de obra.


Hoje ainda persiste a discriminação quando existe o medo de transmissão de doença.

A sociedade humana acorda de vez em quando do encantamento, há remédio para tudo, e sente o medo. O mesmo que sentiram os nossos antepassados dos anos 1300. E se uma peste, sem remédio conhecido, ataca-se hoje? Que culpados arranjaríamos?
Quando a peste de 590DC terminou os romanos acreditaram que o Arcanjo S. Miguel embainhara a espada. O castigo pelos seus pecados tinha terminado.

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