lugares e sensações

quinta-feira, setembro 04, 2008

Enontekio, Finlândia ao Cabo Norte, Noruega, 463 Km

(Enontekio-Nordakapp)

Passando por Kautokeino e Karasjok


Para trás ficou o hotel do gelo. Aqui começa verdadeiramente a Lapónia dos grandes espaços.


Chegamos ao hotel ao fim da tarde e o vento frio e céu nublado avisam que o tempo ia mudar.


O hotel está situado na borda de um lago onde começa uma reserva natural, o pessoal do hotel é simpático e prestável embora com ar nitidamente soviético ou seja sem o ar que esperamos encontrar num latino na recepção dum hotel. Usam a mesma expressão para qualquer situação?...


Flores na margem do rio Tarna, Kiruna
Depois de jantar, no único restaurante aberto que encontramos e numa cidade em que provavelmente já todos dormiam também nós fomos dormir.


Por volta das 3 horas da manhã a claridade no quarto deixou vislumbrar o sol radioso que já ia alto. É uma visão estranha que num fuso horário semelhante ao nosso haja sol a esta hora ainda mais numa paisagem tão magnífica como esta...pura magia.
Sol da madrugada, Hetta, Enontekio

Uma manhã nublada, Hetta

Pela manhã chegou a chuva fria e persistente. O destino era o Cabo Norte- o ponto mais a norte da Europa.


A estrada, não há autoestradas por estas bandas, é razoável e o trânsito, bem o trânsito somos nós e pouco mais...


Há duas povoações que queremos visitar, Kautokeino e Karasjok. São já na Noruega. A fronteira é assinalada por uma placa e nada mais, apesar da Noruega não ser da União Europeia.


Kautokeino é a cidade mais pequena e a maioria da população é Sami. Vivem principalmente das renas cujo número ultrapassa em milhares de vezes o número de habitantes. Não há muito para ver nesta cidade de uma rua cujas construções foram posteriores à segunda guerra mundial- a Lapónia foi mártir, dos alemães, pela sua proximidade com a União Soviética.


Karasjok é a capital Sami, tem um parlamento cujos poderes se resumem à educação da população sami-é obrigatório saber criar renas...- e a tudo o que diga respeito ao povo Sami. Estes direitos foram adquiridos com a luta dos samis quando o poder central quis construir, e construiu, uma barragem na Lapónia. As populações desta região isolada, de vida muito dura apesar das novas tecnologias e mais conforto, podem pelo menos teoricamente decidir sobre a sua terra.


O seu parlamento é um edifício que evoca as tendas Sami e é uma das atracções da cidade, a outra é o Parque Sami. É-nos apresentado um filme que nos dá a conhecer a vida do povo sami, o passado, as crenças, a ligação à terra, a aplicação das novas tecnologias nesta terra agreste e isolada e o futuro com respeito pela natureza.
Parque Sami em Karasjok
Uma das atracções do parque é aprender a caçar renas...


Tecto de tenda Sami

A vegetação a norte de Karasjok é mais baixa, o tempo também piora e a sensação de se estar a caminhar para o fim do mundo é inevitável. Passam-se muitos kilómetros sem se ver uma única construção. As poucas habitações são de madeira no meio do nada e de muita chuva. Se isto é assim no Verão o que será no Inverno...

Depois de muitas horas entre a vegetação baixa, debaixo de chuva e após passar a zona mais militarizada da Noroega, avistamos o Árctico. Uma placa indica-nos dois locais míticos. Kirkenes na fronteira com a Rússia e que nos evoca a segunda guerra mundial e o Cabo Norte, o extremo norte da Europa.
A visão do Oceano Árctico
Na beira da estrada Samis tentam vender peles e outros produtos de rena em tendas que nos lembram ainda mais o isolamento destas terras.


À medida que caminhamos para o norte surgem pequenos povoados, casas de madeira de cores coloridas, provavelmente para serem vistas na neve (?) e principalmente vermelhas. É nesta zona que vemos as primeiras renas. No Verão elas deslocam-se para a beira-mar onde os mosquitos são em menor número.
As renas... do mar

A passagem para o Cabo Norte é feita por um túnel de cerca de 7 km sob o Oceano Árctico com portagem…à Norueguesa. O nosso destino é Skarsvag, uma aldeia de pescadores a 6km da ponta do cabo. Da janela da cabine vê-se o corno do Cabo Norte cujo topo se esconde sob um intenso nevoeiro.
Ilha Mageroya, onde fica o Cabo Norte
Depois de jantar, comida portuguesa com ingredientes noruegueses, saímos para o Cabo. À medida que subíamos o nevoeiro era cada vez mais intenso. Não se via nada e de repente chegamos a uma nova portagem! Parecia surreal. Lá pagamos novamente…para ver o nevoeiro. Qual não foi o espanto quando já bem perto (nevoeiro era mesmo denso!) do centro de interpretação do cabo vimos imensas camionetas, imensa gente…foi então que percebemos que todos vinham ver o sol da meia-noite, era hora de ponta…no Cabo Norte. Bem, Sol não vimos, mas o filme, em ecrã panorâmico, sobre o cabo vale a pena. Com bom tempo o sol da meia-noite observa-se até ao dia 1 de Agosto no Cabo Norte.
Voltamos para a nossa cabine (pertencia a um grupo de 10) situada num planalto com um lago atrás e vista para o norte…apesar do tempo, um lugar inesquecível.
Um dos símbolos do Cabo Norte, no meio do nevoeiro
Meia-noite em Mageroya

A vista da minha janela, o corno do Cabo Norte. O topo do cabo está envolto em nevoeiro.
Com efeito o Cabo Norte não é o lugar mais a setentrional da Europa, Knivskjelloden fica mais a norte mas exige uma caminhada de alguns quilómetros que pode ser perigosa com a pouca visibilidade existente. Optamos então por fazer um bird safari em Gjesvaer, uma aldeia piscatória a 30km do Cabo Norte.
Estrada para Gjesvaer

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